domingo, 4 de março de 2012

Cavalos e homens entre destroços

Ontem tive a ocasião de visionar "Cavalo de Guerra", War Horse, um dos nove nomeados deste ano ao Óscar de Melhor Filme. Realizado por Steven Spielberg, adapta um romance juvenil de Michael Morpurgo editado em 1982 que já fora levado ao teatro sob a forma de uma peça em que os cavalos são interpretados por grandes e complexas marionetas.

A narrativa de "Cavalo de Guerra" inicia-se na região inglesa de Devon, um pouco antes da entrada da Grã-Bretanha na Primeira Guerra Mundial. Jeremy Irvine é o actor responsável pelo papel de Albert Narracott, filho de uma família cuja principal actividade é a agricultura. Albert assiste ao nascimento de um energético potro castanho de patas brancas com uma mancha triangular na frente e tenta aproximar-se dele com maçãs e chamamentos, mas a mãe égua não o deixa afastar-se demasiado. Quando o potro é vendido numa feira equina, é adquirido com surpresa pela família Narracott, habituada a cavalos de carga. Albert imediatamente se encarrega de educar o novo animal, a que chama Joey, e ensina-lhe a responder a ordens e a realizar tarefas que alguns aldeões acreditavam ser impossíveis, como arar a terra e ser montado. Entretanto, o primeiro grande conflito armado mundial alcança a Inglaterra, e o pai de Albert vê-se forçado a vender Joey à Cavalaria Britânica para ajudar a saldar uma dívida.
Joey começará a partir daí uma grande aventura como cavalo-soldado, conhecendo ingleses dedicados à guerra, outros cavalos, alemães e franceses, deixando-se sempre uma boa impressão junto daqueles que com ele contactam. Mais tarde, ao atingir os dezanove anos de idade, Albert juntar-se-á à guerra e também contactará com alemães e franceses, sem saber o que aconteceu ao seu cavalo.

Esta película é uma boa história de amizade em tempos de conflito e sofrimento. A maneira como Albert e Joey se habituam um ao outro e se ajudam mutuamente é muito bonita e possivelmente emocionará os donos de animais de estimação ou simplesmente os que adoram as criaturas que nos rodeiam e que às vezes tratamos como objectos.
As sequências de guerra farão muitos recordar "O Resgaste do Soldado Ryan", Saving Private Ryan, do mesmo realizador, mas poder-se-á perdoar pois todas as guerras são iguais na maneira como destroem vidas e rotinas. A maneira extremamente humanizada com que certos animais reagem às emoções e pedidos de outros animais e de pessoas poderá parecer estranha a alguns espectadores; contudo, deve ser recordado que o romance em que o filme é baseado é narrado na primeira pessoa por Joey, pelo que seria de esperar um lado mais compreensivo e racional da parte das personagens não-humanas.
O facto de o filme já ter sido considerado um "épico familiar" não soará contraditório? Talvez as crianças reajam bem aos aparentes diálogos entre animais e pessoas, mas fiquem impressionadas com algumas sequeências de violência. Pensemos então nos livros de Hstória que estudámos nos 2º e 3º ciclo e na classificação etária do filme. "Cavalo de Guerra" não é a escolha mais acertada para uma criança de seis anos, mas uma de doze pode gostar bastante do filme. Às crianças não há que esconder a agressividade da guerra e do ser humano, há que aprender a não repetir os erros do passado.
War Horse balança bem os momento de afecto com os cómicos e os mais violentos. Parece-me interessante que Steven Spielberg tenha experimentado abordar a primeira guerra mundial em vez da segunda, como já tinha feito algumas vezes. É um filme muito interessante para ir ver ao cinema.

1 comentário:

  1. Gostei muito da crítica. :)

    Adoro cavalos mas, como tu sabes, não sei se algum dia terei coragem para ver este filme.

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Críticas boas e más às críticas