"Like Someone in Love"

"Like Someone In Love" é o mais recente trabalho de Abbas Kiarostami a estrear nos cinemas. O título é uma referência a um tema musical de Ella Fitzgerald que se pode escutar durante uma cena da película.

A narrativa centra-se em Akiko, uma estudante universitária que paga os estudos recorrendo à prostituição. Numa noite em que queria encontrar-se com a avó que está de visita à cidade, acaba por se deslocar a uma casa de um velho professor para realizar um trabalho. No dia seguinte terá de enfrentar alguns desafios ao mesmo tempo que o cliente decide assumir um novo papel em relação a Akiko.

O filme explora, sem pressas, as suas personagens e até mostra alguns momentos de comédia. A narrativa desenvolve-se devagar, mas sem excessos. O papel duplo do cliente de Akiko é bem conseguido.

Mas eis que, quando se inicia uma sequência tensa e impactante, o filme termina. Termina quando podia dar a conhecer melhor as personagens e as relações entre elas. Termina de forma abrupta, um pouco como alguns filmes de Haneke, e deixando muito à imaginação dos espectadores. Será este final o mais adequado para esta película? Talvez seja se o seu objectivo é criar um quadro de situações simples e discreto. Mas, também, pode ser que este não seja o melhor final.

O crescimento de um homem

Estreou em Setembro o mais recente filme de Lee Daniels, o realizador do fantástico "Precious", um trabalho com o título "O Mordomo". As expectativas eram altas e o elenco vasto e de luxo servia como aliciante.

Baseado em factos verídicos, "O Mordomo" acompanha a personagem Cecil Gaines desde criança até à terceira idade, focando-se principalmente no período em que ele trabalhou como mordomo na Casa Branca. São mostrados acontecimentos marcantes na sua vida e o modo como lidou com o racismo e as crises políticas. Em paralelo aborda-se o desenvolvimento do filho mais velho de Gaines, que de estudante inquieto e sedento de mudança se vai tornando num conhecido activista político contra a discriminação dos afro-americanos e contra as guerras.

"O Mordomo" é um filme organizado e emocionante que narra uma história e trata de temas importantes com eficiência e subtileza. O elenco porta-se bastante bem e Forest Whitaker na pele de Cecil Gaines é tocante e flexível. A publicitada banda-sonora, da autoria do português Rodrigo Leão, adequa-se bem à grande e inspiradora narrativa fílmica.

O maior defeito do filme é estar demasiado estruturado e polido, como um filme que quer agradar não só ao público, mas também, possivelmente, aos membros de Academias de Cinema. Isto pode ser uma virtude, ao garantir um produto seguro e de boa qualidade, porém é igualmente um defeito, pois limita o filme e torna-o um pouco menos interessante.

Sob o brilho e a extravagância

"Por Detrás do Candelabro" é o mais recente filme de Steven Soderbergh, um dos últimos que realiza antes de iniciar uma pausa do cinema. Esta película teve dificuldade em encontrar patrocinadores muito provavelmente por causa da sua temática e acabou por ser concebida como um telefilme, estando, porém, a ser distribuída na Europa em formato cinematográfico.

Baseado numa história verídica contada em Behind the Candelabra: My Life with Liberace, de Scott Thorson e Alex Thorleifson, "Por Detrás do Candelabro" retrata a relação amorosa que uniu o talentoso e extravagante pianista e entertainer Liberace e o jovem Scott Thorson, aspirante a veterinário, que viveu na mansão do amante durante vários anos. Mostra como a relação se inicia e se desenvolve, com os seus altos e baixos.

"Por Detrás do Candelabro" é uma boa película que consegue superar a sua natureza de telefilme. Explora de modo realista e às vezes cru um elo amoroso marcado pela fama e também pelos excessos. Os dois actores protagonistas proporcionam prestações credíveis e muito bem-conseguidas, com um toque de humanidade. A caracterização é bastante boa e reflecte bem os gostos e o estilo de vida brilhante e exuberante de Liberace.

Uma cómica amargura

O mais recente filme de Woody Allen intitula-se "Blue Jasmine". Foi filmado em Nova Iorque e em São Francisco, em mais uma película que não tem a Grande Maçã como o principal pano de fundo.

"Blue Jasmine" centra-se na personagem de Jasmine, uma mulher de classe alta divorciada que perdeu todo o seu dinheiro à custa das fraudes do ex-marido e decide ir para São Francisco, onde moram a irmã e os filhos, tentar erguer-se e dar um novo rumo à vida. Jasmine irá encontrar-se perante pessoas e situações mais ou menos constrangedoras.

"Blue Jasmine" mistura vários tipos de humor e resulta numa divertida comédia com toques negros, agradável de se ver. Cate Blanchett sai-se muito bem no papel de Jasmine, dando-lhe uma certa força enquanto personagem. É mais um bom trabalho de Woody Allen.

Festival de Veneza de 2013

Este ano teve lugar o 70º Festival de Cinema de Veneza. Os grandes premiados foram os seguintes:

Leão de Ouro para Melhor Filme - Sacro GRA, de Gianfranco Rosi

Leão de Prata para Melhor Realizador - Alexandros Avanas por Miss Violence

Grande Prémio do Júri - Jiao You, de Tsai Ming-Liang

Taça Volpi para Melhor Actor - Themis Panou em Miss Violence

Taça Volpi para Melhor Actriz - Elena Cotta em Via Castellana Bandiera

Prémio Marcello Mastroianni para Melhor Actor/Actriz Jovem - Tye Sheridan em Joe

Melhor Argumento - Steve Coogan e Jeff Pope por Philomena

Prémio Especial do Júri - Die Frau des Polizisten, de Philip Groning


Gianfranco Rosi exibe o seu Leão de Ouro

A nossa fútil sociedade

Na semana passada visionei o mais recente filme de Sophia Coppola, "The Bling Ring - O Gangue de Hollywood".

O filme baseia-se em factos reais e particularmente num artigo da revista Vanity Fair entitulado "The Suspects Wore Loubotins", da autoria de Nancy Jo Sales. Mostra como um grupo de diversos jovens provenientes de famílias de classe média-alta da zona de Beverly Hills se envolveu em invasões e assaltos a casas de celebridades. O grupo ficou conhecido como The Bling Ring, numa referência ao facto de roubarem itens de luxo (bling é calão para "dinheiro" e uma onomatopeia que ilustra o som de moedas a caírem).

"The Bling Ring - O Gangue de Hollywood" é um filme que explora um exemplo das consequências do culto do luxo e dos famosos e da intervenção dos média na divulgação do mesmo. Os jovens, apesar das suas boas condições de vida, vivem rodeados de tanta publicidade a marcas caras e ao estilo de vida desafogado e extravagante de certas celebridades que acabam por se render-se ao que os média transmitem. O filme retrata bem a futilidade de parte da sociedade que vive das aparências e do que está na moda. Por vezes, esse retrato toma um perfil quase cómico e torna-se até absurdo constatar que assaltar uma casa seja tão fácil e seja algo feito de ânimo leve.
Tecnicamente, o filme está bem conseguido. A banda-sonora reflecte bem os gostos dos jovens actuais e de uma certa juventude mais enriquecida. O elenco principal é competente e interpreta bem os papéis de jovens fúteis tomados pelo consumismo e pela crença de que podem sair impunes de crimes vários e que revelam também uma tendência para a pseudo-espiritualidade.
"The Bling Ring - O Gangue de Hollywood" é um filme entretido e muito interessante que expõe um problema social e o trata com a ligeireza certa, humor negro e sarcasmo.

Tentar compreender o amor

"A Essência do Amor" é o mais recente filme de Terrence Malick, o realizador do maravilhoso "Árvore da Vida". A produção do filme foi marcada pela eliminação total de cenas contendo as prestações de alguns atores populares, como Jessica Chastain.

 

A narrativa fílmica aborda a evolução de duas relações amorosas, uma entre os protagonistas Neil e Marina e outra entre Neil e Jane, sendo a primeira aquela sobre a qual se debruça o realizador com mais enfoque. Neil e Marina, aparentemente muito apaixonados um pelo outro, regressam a Oklahoma depois de uma visita a França. A relação entre ambos começa a deteriorar-se com tempo e ela vai tentar procurar estabilidade na fé, com o apoio de um padre com dúvidas quanto à sua vocação, enquanto Neil se interessa cada vez numa amiga de infância, Jane.

 

Não sendo um dos melhores filmes de Malick, é ainda assim um bom filme. A abordagem da temática do amor roça o metafísico de uma maneira subtil e bela, explorando conceitos diversos, mas de um modo não tão profundo como seria de esperar por parte do realizador. O facto de o filme ser trilingue torna-o mais rico; oferece mais visões sobre temas específicos sem ser repetitivo. Mais uma vez, a banda-sonora escolhida adequa-se bem ao filme. As interpretações são bastantes eficientes.  Os cenários são bonitos e encaixam bem na narrativa. 

Quando um ciclo termina

Inserido no rol de filmes exibidos fora de concurso no Festival Indie Lisboa deste ano, "Quando Cai a Noite" é um filme do realizador chinês Ying Liang que esteve a ponto de não estrear na China devido ao seu conteúdo político.

O filme baseia-se em situações reais. Acompanha vários dias da vida de Wang Jingmei, mãe de Yang Jia, um jovem que matou seis polícias após ter sido detido e agredido por usar uma bicicleta sem licença. Durante esse período abordado na película, Jingmei tentou impedir o filho de ser executado, mas sem sucesso, tendo recorrido a advogados e ao apoio de figuras públicas como o artista Ai Weiwei.

Apesar de ser apresentado como uma obra de ficção, "Quando Cai a Noite" tem uma componente documental quase tão longa quanto a parte interpretada por atores. A extensão do filme é relativamente curta, de cerca de uma hora, mas o realizador conseguiu incluir momentos de tensão.
"Quando Cai a Noite" não é um produto pretensioso, apesar da sua mensagem querer chegar a muita gente. É uma obra simples que denuncia uma situação controversa ocorrida na China e mostra como pessoas indiretamente afetadas por essa situação são abaladas e agitadas.

Cannes 2013

O festival de cinema de Cannes deste ano teve Steven Spielberg como presidente do júri e ficou marcado pela exibição de filmes, o roubo de jóias destinadas a embelezar atores e atrizes e ainda um falso tiroteio num programa gravado em direto da cidade. "O Grande Gatsby", de Baz Luhrmann, baseado no romance homónimo de F. Scott Fitzgerald, teve a honra de abrir o festival.

Os vencedores foram os seguintes:

Palma de Ouro: La Vie d'Adèle, de Abdellatif Kechiche

Gran Prix: Inside Llewyn Davis, de Ethan e Joel Coen

Prémio do Júri: Like Father, Like Son, de Kore-Eda Hirokazu

Melhor Realizador: Amat Escalante, Heli

Melhor Argumento: A Touch of Sin, de Jia Zhangke

Melhor Atriz: Bérénice Bejo, Le Passé

Melhor Ator: Bruce Dern, Nebraska

Melhor Curta-Metragem: Safe, de Moon Byoung-gon

Câmara de Ouro: Ilo Ilo, de Anthony Chen

Prémio Un Certain Regard: The Missing Picture, de Rithy Panh

 

La Vie d'Adèle, a grande favorita na corrida ao prémio principal, foi laureada com a Palma de Ouro. Trata-se de uma história de amor entre duas mulheres abordada de uma maneira intensa e com uma grande componente carnal.

 

 

Abdellatif Kechiche, realizador de La Vie d'Adèle, na companhia de Adèle Exarchopoulos e Lèa Seydoux, as atrizes principais da película

Não!

"Não" é o último filme do chileno Pablo Larraín, realizador de "Tony Manero", elogiada e invulgar homenagem ao protagonista de "Saturday Night Fever", além de "Post Mortem". "Não" foi um dos nomeados deste ano para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, perdendo para "Amor".

"Não" relata a criação de campanhas publicitárias que apoiavam a escolha do "não" nos boletins de voto que iriam ditar o fim da ditadura de Pinochet no Chile. René Saavedra é um dos principais criativos dessas campanhas, que vai progressivamente ficando mais do partido em contra da estadia no poder do ditador.

Gravado num formato que recorda os programas televisivos filmados nos anos 80 e 90 do século passado e bem caracterizado ao nível de espaços e vestuário, "Não" submerge eficazmente o espectador no período que retrata. A narrativa é simples, mas cativante.
No entanto, esta não é certamente uma obra perfeita. Tenta adentrar-se na psíque das personagens, mas fá-lo de um modo demasiado leve. O filme relembra um pouco um documentário, o que não é um defeito, mas pode desapontar quem espera deparar-se com algo muito elogiado pela crítica.
Recomendo este filme a quem gosta de thrillers políticos suaves e deseja saber mais sobre a queda de Pinochet no Chile.

Amor e algazarra a bordo

"Amantes Passageiros" é o último filme do realizador espanhol Pedro Almodóvar e simboliza o seu regresso às comédias com toques absurdos e sexuais, depois de filmes com forte carga dramática como "Abraços Desfeitos" e "A Pele Que Habito".

A narrativa fílmica centra-se numa viagem com destino à Cidade ao México que corre muito mal. O trem de aterragem sofre uma avaria e o piloto é obrigado a ficar em território aéreo espanhol em busca de uma pista para efetuar uma aterragem de emergência que pode ter um final não muito feliz. Um trio de hospedeiros extravagantes vai encarregar-se de distrair os passageiros e estabelecer relações com alguns deles. Todos têm segredos e curiosidades, sejam de natureza amorosa ou pessoal.

O filme é bastante eficaz ao nível cómico e muito cativante. Recorda as velhinhas primeiras comédias de Almodóvar, mas adequa-se à modernidade em pormenores e em motivos de piadas. O elenco, que inclui atores habituais nas películas do realizador, interpreta com destreza os seus papéis.
Recomendo o filme a quem quer rir e distrair-se por umas horas.

Fausto revisitado

"Fausto" é a quarta parte de uma tetralogia cinematográfica da autoria de Alexsandr Sokurov dedicada ao mal e à sede de poder. Ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza de 2011. Depois de abordar figuras como Hitler em Moloch, Lenine em Taurus e o imperador japonês Hirohito em The Sun, Sokurov debruçou-se sobre uma personagem lendária, um médico e alquimista alemão de nome Fausto que teria vendido a alma dos Infernos em troca do conhecimento total.

 

O filme em questão adapta a primeira parte da peça teatral de Johann von Goethe, datada de 1808. Na narrativa fílmica, ambientada na Alemanha do século XVIII/XIX, Fausto deambula pela sua vila questionando Deus e desiludindo-se com as dimensões do conhecimento humano, acabando por assinar um tratado com um demónio para obter todo o saber e o amor de uma jovem mulher.

 

"Fausto" é um intrigante filme sobre a procura infrutífera e, muitas vezes, angustiante de algo como a sabedoria inigualável e o controlo de certos elementos do destino. O mito do médico e físico que vende a alma está bem apresentado e contado. Os atores são eficazes nos seus papéis. A ambientação e os cenários foram tratados com esmero, retratando muito bem uma Alemanha rural rodeada de velas florestas, mas lúgubre e imunda. O elemento grotesco marca uma forte presença. "Fausto" é um filme que recomendo, mas que aconselho a não ser visto com ligeireza.

Este é o segundo filme da tetralogia do mal e do poder de Sokurov que tenho oportunidade de ver e devo dizer que ambas películas, The Sun e Faust, cumprem essa intenção de mostrar a personalidade humana em certos aspetos e contextos.

Estreias da semana

Seguem-se as estreias da semana de 18 de Abril de 2013.

• "A Oportunidade da Minha Vida", La Chance de ma Vie, de Nicolas Cuche, com François-Xavier Demaisob, Virginie Efira. Países: Bélgica, França. Duração: 87 minutos. Julien é um homem que consegue realizar todos os seus sonhos, mas algo impede-o de ser totalmente feliz: ele atrai o azar às mulheres que ama. Quando pensava desistir de amar, apaixona-se por uma bela mulher  e decide não perder esta que pode ser a sua última oportunidade para ser feliz no campo do amor: Julien vai fazer os possíveis para contrariar a sua sorte e viver normalmente na companhia da amada.

• "Celeste e Jesse para Sempre", Celeste & Jesse Forever, de Lee Toland Krieger, com Andy Samberg, Rashida Jones. País: E.U.A. Duração: 92 minutos. Celeste e Jesse estão casados há seis anos e sentem que a sua relação chegou a um ponto de estagnação. Prestes a pedir o divórcio, ambos tentam separar-se lenta e civilizadamente, mantendo-se amigos e vivendo momentos de alegria. Quando o divórcio se torna mais palpável, Celeste começa a questionar-se se essa decisão não será o maior erro da sua vida.

• "Nome de Código: Paulette", Paulette, de Jérôme Enrico, com Bernardette Lafont, Carmen Maura. País: França. Duração: 87 minutos. Paulette é uma idosa rabugenta e mal-encarada que se esforça por sobreviver com uma pequena reforma. Quando lhe ameaçam retirar a casa e os bens, a senhora contacta com um grupo de inquilinos do prédio onde vive que vendem drogas. Oferecendo-se como intermediária, começa a ganhar dinheiro e a entusiasmar-se tanto com a sua nova atividade que tem a ideia de fazer e vender doçaria e bolos enriquecidos com estupefacientes que se tornam um êxito.

• "O Caçador do Último Tigre da Tasmânia", The Hunter, de Daniel Nettheim, com Morgana Davies, Willem Dafoe. País: Austrália. Duração: 102 minutos. Martin David, caçador, é contratado para encontrar e capturar um tigre da Tasmânia, espécie que já se julgava extinta. David fica hospedado na casa de Lucy Armstrong, que vive com os dois filhos. Enquanto procura o animal, cria laços com aquela família que o acolheu, mas à medida que o elo entre eles se torna mais forte começam a surgir imprevistos que farão David questionar o objetivo real da sua missão na Tasmânia.

• "Os Amantes Passageiros", Los Amantes Pasajeros, de Pedro Almodóvar, com Cecilia Roth, Javier Cámara. País: Espanha. Duração: 90 minutos. Um avião da companhia aérea Península parte com a Cidade do México como destino. Porém, um incidente que envolve o trem de aterragem força o piloto a permanecer em espaço aéreo espanhol enquanto espera que uma pista livre lhe seja indicada para proceder a uma manobra de emergência; há o risco de a aterragem ser violenta. Os excêntricos hospedeiros unem-se para distrair os passageiros e acalmá-los. Entre episódios hilariantes e personagens atípicas, vão-se criar laços entre passageiros, pilotos e hospedeiros.

• "Professor Lazhar", Monsieur Lazhar, de Philippe Falardeau, com Mohamed Fellag, Sophie Nélisse. País: Canadá. Duração: 94 minutos. Bachir Lazhar, um imigrante argelino, é contratado para uma escola para ocupar uma vaga deixada aberta por uma professora que se suicidou na sala de aulas. Os alunos estão tristes e em luto pela morte da professora, mas o senhor Lazhar também atravessa um período conturbado da sua vida. Apesar das diferenças culturais, o professor e os alunos acabarão por formar fortes elos que os ajudarão a superar as suas perdas.

• "Um Homem a Abater", Dead Man Down, de Niels Arden Oplev, com Colin Farrell, Noomi Rapace. País: E.U.A. Duração: 118 minutos. Victor é um homem que quer ganhar a confiança do líder de um gangue perigoso com um fim específico. Um dia trava conhecimento com uma mulher que vive no prédio em frente ao seu e que, apesar do aspeto frágil, guarda ira e trevas. Ela descobre alguns dos maiores segredos de Victor e, sob ameaça de os divulgar, força-o a aceitar participar num plano de vingança que trará grandes alterações às vidas de ambos.

Profundo mar de emoções

"O Profundo Mar Azul" é um filme inspirado na peça teatral homónima de Terence Rattingan. O realizador, Terence Davies, é um cineasta pouco prolífero cujo último filme de ficção, "A Casa da Felicidade", remonta a 2000.

 

A narrativa fílmica centra-se na figura de Hester, mulher que tenta suicidar-se por dificuldade em lidar com os seus problemas e os dos que a rodeiam. O grande fator que conduz Hester a semelhante estado é a relação que mantém fora do casamento com um jovem piloto veterano da 2ª Guerra Mundial que lutou com fervor pela sua Grã-Bretanha. A relação desafogada com o marido, juiz, não a satisfez totalmente, pelo que acaba por ceder à paixão que nutre pelo piloto; só que o conflito que ela sente dentro de si, pensando no afeto de ambos homens e nas suas recções às adversidades das relações, é tremendo.

 

"O Profundo Mar Azul" é um complexo retrato de uma relação amorosa com demasiados elementos e uma figura central indecisa e sensível. A atriz Rachel Weisz interpreta muito bem Hester e os atores que dão o corpo ao marido e ao amante foram bem escolhidos. A banda sonora acentua a sensibilidade da protagonista e da narrativa.

É um filme a ver, apesar de não ser perfeito. Recomenda-se a quem goste de estudar o amor.

Mistérios por resolver em Lisboa

"Comboio Noturno para Lisboa", baseado num romance homónimo de Pascal Mercier publicado em 2004, estreou há umas semanas em Portugal com pompa e circunstância. A antestreia foi referida nos canais televisivos e foi anunciado que o filme estaria em cartaz num número considerável de cinemas dado o facto de ter sido filmado em Lisboa e contado com a presença de atores portugueses no elenco. Valeu a pena criar muitas expectativas em redor desta película?

 

A narrativa "Comboio Noturno para Lisboa" é o professor suíço Raimund Gregorius, que um dia salva uma misteriosa mulher que se prepara para se atirar de uma ponte. No mesmo dia, após uma sucessão de ocorrências, parte num comboio para Lisboa com um livro de um magistral autor português, Amadeu do Prado, e um casaco vermelho, ambos pertencentes à indivídua que salvara. Na capital portuguesa tentará saber mais sobre do Prado e as pessoas que o rodeavam, enquanto descobre mais sobre si e sobre a Lisboa sob o domínio da ditadura de Salazar.

 

O filme é interessante e tem muitos aspetos que o tornam cativante, como os detalhes dados sobre as personagens e o passado histórico português e as muitas peripécias que ocorrem ao longo da narrativa. As personagens são curiosas e alguns dos atores conseguem transmitir as suas nuances.

Porém, há muitos pequenos pecados em "Comboio Noturno para Lisboa". Para já, a incorreção relativamente a informação história e factos tão conhecidos pelo público português seria de evitar. A exclusão de mais atores portugueses no elenco creio que contribui um pouco para confundir o espectador quanto à fidelidade do filme em retratar realidades portuguesas. Outro defeito que quero apontar é a quase ausência do lado filosófico que supostamente marca o livro em que é inspirado o filme, que acaba por ser mais um thriller de espionagem e romances desencontrados, apesar de nas relações interpessoais e na exploração do protagonista haver um toque ligeiramente filosófico.

Não é um filme espetacular nem uma obra a não perder, mas entretém.

Estreias da semana

Esta semana estreiam sete filmes em salas portuguesas.

• "A Melhor Oferta", La Migliore Offerta, de Giuseppe Tornatore, com Geoffrey Rush, Jim Sturgess. País: Itália. Duração: 124 minutos. Virgili Oldman, colecionador de arte fascinado por qualquer representação do corpo feminino, recebe um telefonema de uma jovem herdeira que lhe pede que visite a mansão familiar e avalie a sua coleção artística. Relutantemente, Oldman aceita o desafio, mas depara-se com uma mulher muito misteriosa que irá mudá-lo.

 

• "Cativos", Captive, de Brillante Mendoza, com Isabelle Huppert, Katherine Mulville. Países: Alemanha, Filipinas, França, Reino Unido. Duração: 120 minutos. Numa estância turística da ilha filipina de Palawan tem lugar o rapto de vinte pessoas, entre as quais a assistente social francesa Therese e uma colega filipina, por separatistas muçulmanos. O grupo de reféns é levado para um lugar isolado onde, durante um ano, terão de lidar com a sua nova situação e acreditar que alguém se preocupa com eles e os quer salvar.

 

• "Catch.44: Tiro Certeiro", de Aaron Harvey, com Malin Akerman, Nikki Reed. País: E.U.A. Duração: 94 minutos. As amigas Tes, Kara e Dawn mudam-se para Las Vegas com o objetivo de concretizarem os seus sonhos, mas como tal se revela muito difícil, aceitam um trabalho de um homem rico e poderoso: desviar e intercetar um camião transportando droga. No entanto, a operação não corre como esperado e as três mulheres veem-se envolvidas com diversos e perigosos criminosos da cidade.

 

• "Esquecido", Oblivion, de Joseph Kosinski, com Morgan Freeman, Tom Cruise. País: E.U.A. Duração: 126 minutos. Em 2073 a Terra encontra-se num estado caótico depois de ser alvo de um ataque extraterrestre que levou à evacuação de toda a população, que passou a viver numa colónia. Jack Harper, um veterano de guerra, é enviado para solo terrestre com o golo de extrair os recursos que restam do envelhecido planeta e salvar a existência da Humanidade. Contudo, Harper descobre uma sobrevivente na Terra e pergunta-se se o que conduziu o planeta à ruína corresponde à verdade.

• "Fausto", Faust, de Aleksandr Sokurov, com Isolda Dychauk, Johannes Zeiler. País: Rússia. Duração: 140 minutos. Trata-se de uma obra inspirada no mito alemão de Fausto, o físico e alquimista que assinou um pacto com o Diabo para aceder a todo o conhecimento; esta versão fílmica recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2011. Nesta versão, ambientada no século XIX, Fausto sente-se dececionado com as limitações do conhecimento humano; no entanto, conhece Moneylender, um ser que lhe propõe trocar a alma pela totalidade do saber e o amor da mulher que o cativa.

 

• "Regra de Silêncio", The Company You Keep, de Robert Redford, com Robert Redford, Shia LaBoeuf. País: E.U.A. Duração: 125 minutos. A vida Jim Grant sofre uma reviravolta quando um jornalista revela a sua verdadeira identidade e a antiga ligação com grupo radical antiguerra. Após adotar um novo nome, Grant volta a ser procurado pela lei e vê-se forçado a fugir. Para limpar o seu nome só há uma coisa a fazer: procurar a única pessoa que conhece para o ilibar.

 

• "Scary Movie 5: Um Mítico Susto de Filme", Scary Movie 5, de Malcolm D. Lee, com Ashley Tisdale, Simon Rex. País: E.U.A. Duração: 85 minutos. No quinto filme da série Scary Movie, o jovem casal formado por Dan e Jody vive com alegria a aproximação do nascimento do primeiro filho. Porém, as suas vidas começam a ser afetadas por fenómenos paranormais e, para esconjurar um hipotético demónio, contratam um perito no assunto e instalam um sistema de câmaras de vigilância.

Para a esquerda e para a direita

"Ferrugem e Osso" é o último filme de Jacques Audiard, o já bem conhecido realizador dos aclamados De Tanto Bater o Meu Coração Parou e Um Profeta. Bem-recebido pela crítica, ganhou vários galardões em festivais e em certames como os Césares, organizados pela Academia Francesa das Artes e Técnicas do Cinema.

 

A narrativa fílmica acompanha uma parte da vida de Alain, um homem que sem trabalho e com um filho que vai viver com a família da irmã e a quotidiano de Stephanie, uma treinadora de orcas num parque aquático. Eles conhecem-se numa discoteca, mas aprofundam o conhecimento mútuo após ela sofrer um acidente laboral que lhe custa ambas as pernas. Enquanto Alain tenta conseguir dinheiro em pequenos trabalhos e em lutas ilegais corpo-a-corpo e Stephanie recupera lentamente a sua vida normal, mas sem a presença das orcas, ambos vão-se unindo.

 

"Ferrugem e Osso" é mormente uma obra sobre a necessidade de enfrentar e vencer as dificuldades da vida. Fá-lo bem, sem incorrer no sentimentalismo fácil. No entanto, o filme não resolve todas as problemáticas que apresenta, algo que funciona nalgumas obras, mas não noutras como esta; assim sendo, o espectador pode sentir no final que à película falta qualquer coisa, que poderia ser outra coisa maior e melhor.
Os atores estão bem escolhidos e as realidades retratadas, como a qualidade de vida de uma classe baixa francesa, foram tratadas com cuidado. Marion Cottilard interpreta a personagem mais interessante do filme, Stephanie, que começa por ter dificuldade em aceitar a ausência das pernas, mas progressivamente regressa a velhas e reconfortantes rotinas e adota novos hábitos. Ainda lhe é possível contactar com a água e nadar; regressa aos sítios que conhece; revê as orcas, porém apenas como visitante do parque; um tatuador escreve nas suas antepernas as palavras "esquerda" e "direita", como que um lembrete de que a vida não terminou para Stephanie, que o seu corpo ainda tem um lado esquerdo, um lado direito e um centro, e que consegue desempenhar qualquer função física.
O filme tem alguns momentos cómicos relacionados principalmente com a sexualidade, mas o humor não se sobrepõe ao drama e às histórias de superação.

Humor e duras realidades

"Guia para Ser Feliz" é o mais recente filme de David O. Russell, o mesmo realizador de "The Fighter - O Último Round". Ganhou diversos galardões nas áreas da interpretação, mas também o seu guião adaptado saiu premiado esta temporada, bem como o próprio filme. Foi nomeado para vários Óscares da Academia, arrecadando um pela interpretação da atriz principal.

 

O filme é baseado num romance de Matthew Quick. Trata da reabilitação lenta de um professor, Pat Solitano, com doenças psíquicas. Após um ataque violento ao amante da então sua mulher, é transferido para um hospital psiquiátrico e, já em recuperação, regressa a casa de maneira a readaptar-se à vida normal e como homem solteiro. Esquecer a antiga mulher revela-se difícil e viver novamente com os pais e as suas taras é-lhe demasiado familiar, mas Pat encontra em Tiffany, prima indireta de um amigo, uma fonte de distração. Ela é uma jovem viúva que sofreu uma grande depressão como resultado da morte do marido e também está a tentar recuperar das suas penas; é uma pessoa impulsiva e cativante que convence Pat a treinar um número competitivo de dança com ela. Juntos terão de desafiar os seus fantasmas e um concurso de dança para o qual se adivinham dificuldades.

"Guia para Ser Feliz" é uma película muito agradável que mantém um grande equilíbrio entre a comédia e o drama. Além de abordar certos tipos de relações amorosas, mostra detalhes curiosos do estilo de vida da classe média norte-americana como a paixão pelo futebol americano, problemas como as maleitas psiquiátricas e os laços entre membros de uma família e amigos. O elenco é magnífico, sendo a prestação e a química entre os atores principais muito boas; Jennifer Lawrence é realista e apresentar uma Tiffany instável, mas terna no seu interior.
Recomendo o filme a quem queira rir e ser tocado por momentos mais tensos.

Estreias da semana

Estas são as películas a estrear nos cinemas portugueses esta semana:

• "Conspiração Explosiva", Welcome to the Punch, de Eran Creevy, com James McAvoy, Mark Strong. Duração: 99 minutos. Países: E.U.A. e Reino Unido. Jacob Sternwood foi em tempos um dos homens mais procurados no Reino Unido, algo que o levou a exilar-se na Islândia. No entanto terá de regressar a Londres após o seu filho se envolver num assalto mal sucedido. O detective Max Lewinsky aproveitará a oportunidade para finalmente prender Sternwood.

 

• "Dou-lhes um Ano", I Give it a Year, de Dan Mazer, com Rose Byrne, Simon Baker. Duração: 97 minutos. País: Reino Unido. Nat e Josh estão numa relação amorosa surpreendente em cuja força ninguém tende a acreditar dadas as diferenças entre eles. Sob pressão, o casal vai mostrar que é mais unido que se possa pensar durante o seu primeiro ano de casamento.

 

• "Ladrões com Estilo", Gambit, de Michael Hoffman, com Cameron Diaz, Colin Firth. Duração: 89 minutos. País: E.U.A. O curador Harry Deane, cansado de ser alvo de vexações por parte do colecionador seu patrão, leva-o a comprar um falso quadro de Monet. Para que o plano seja bem-sucedido, Deane procura um cúmplice que encontra numa texana excêntrica que fingirá ser a neta de um artista que revolucionou a pintura no final da Segunda Grande Guerra.

 

• "Na Pista do Marsupilami", Sur la piste du Marsupilami, de Alain Chabat, com Jamel Debbouze, Alain Chabat. Duração: 105 minutos. Países: Bélgica e França. Inspirado nas bandas-desenhadas centradas num pequeno animal com um cauda enorme de nome Marsupilami, a narrativa fílmica acompanha Dan Geraldo, um repórter que parte para a Palombia em busca de material para o seu programa televisado. Com o guia Pablito, Geraldo emerge na frondosa floresta local e, após viverem aventuras e enfrentarem perigos, encontram o lendário Marsupilami.

 

• "Reino de Assassinos", Jianyu, de Chao-Bin Su, com Michelle Yeoh, Woo-sung Jung. Duração: 117 minutos. Países: China, Hong Kong, Taiwan. Na China, sob o domínio da dinastia Ming, um assassino contratado de nome Drizzle foge depois da concretização do roubo das cinzas de um monge sagrado que teria supostos poderes mágicos. Um médico altera a sua fisionomia e o antigo criminoso adota um estilo de vida pacato. No entanto, Drizzle vem a descobrir que o grupo de assassinos a que pertencia o persegue e que a mulher não é quem pensava.

 

• "O Expatriado", The Expatriate, de Philipp Stolzl, com Aaron Eckhart, Olga Kurylenko. Duração: 100 minutos. Países: Bélgica, Canadá, E.U.A., Reino Unido. Ben Logan, antigo agente da CIA,  parte para a Bélgica com a filha. Após algum tempo a viver em paz, Logan chega ao local de trabalho e depara-se com o seu escritório completamente desmobilado. Vem a descobrir que os colegas da empresa apagaram os seus dados e o deixaram envolver-se numa teia de conspiração internacional sobre a qual Logan pouco sabe.

 

 

• "Taxi Driver", Taxi Driver, de Martin Scorsese, com Robert De Niro, Jodie Foster. Duração: 113 minutos. País: E.U.A. Trata-se de uma reposição do filme clássico de 1976. Travis Bickle é um taxista e veterano da Guerra do Vietname. Vive atormentado pelo seu passado, tem acessos de violência e tenta salvar uma prostituta menor de idade do ofício vil que a destrói.

Adeus a Roger Ebert e ao seu polegar

No dia 4 de Abril de 2013 morreu um dos nomes mais conhecidos da crítica cinematográfica dos E.U.A. e quiçá do mundo. Roger Ebert tinha 72 anos, tendo nascido a 18 de Junho de 1942 em Urbana, no estado de Illinois, e faleceu devido às muitas complicações que um cancro lhe havia trazido, incluindo a perda da voz há poucos anos.

Amante de livros, de jornais e da escrita, Ebert trabalhou em vários jornais e revistas antes de se tornar, no final dos anos 60 do século XX, no crítico de cinema de serviço do jornal Chicago Sunday Times. Aí começou a demonstrar o quanto compreendia os filmes e as diferentes correntes criativas presentes no cinema, bem como surpreendeu com a qualidade da sua escrita e das suas opiniões, muito diretas. Ganhou o prémio Pulitzer em 1975, um galardão nunca antes atribuído a um crítico de cinema.

Em 1975, Ebert aceitou um novo desafio e juntou-se a Gene Siskel, também crítico de cinema, mas no jornal Chicago Tribune, num programa televisivo onde ambos criticavam filmes. O duo só se separou em 1999 com a morte de Siskel. Ebert não quis terminar o programa pelo que finalmente, após conversas e várias intervenções de colegas e personalidades no mesmo, Richard Roeper foi selecionado para ocupar o lugar que Siskel deixara vago.

O seu legado no cinema é vasto e muito interessante. Além das críticas que teceu, defendeu o cinema menos convencional, escreveu várias obras com os filmes como tema, participou numa campanha que resultou na criação de uma classificação etária, a NC-17 que permitiu a separação de filmes para adultos e jovens adultos, e afirma-se ter sido a mente por detrás da famosa maneira como ele, Siskel e Roeper avaliavam as produções cinematográficas, apontado para cima ou para baixo com o polegar caso gostassem ou não do que haviam visionado nas salas.

 

Reinício das actividades do blogue

Após uma pausa prolongada motivada por diversos factores, retomo o meu trabalho como blogger. O blogue irá sofrer algumas alterações; desejo dedicar mais espaço a críticas e  notícias e sintetizar ainda mais os artigos relativos às estreias nos cinemas nacionais.

 

Gostava de contar com a ajuda dos leitores do blogue, sob a forma de sugestões e comentários, para o aperfeiçoamento deste espaço.

 

Obrigada e visionem bons filmes.

 

 

Estreias da semana

Esta semana estreiam os seguintes filmes:

• "A Arte de Amar", L'art d'Aimer, de Emmanuel Mouret, com Ariane Ascaride, Pascale Arbillot. País: França. Duração: 85 minutos. Esta comédia aborda a complexidade do amor e como este cria num indivíduo uma bela e especial música. Várias relações românticas são exploradas neste sentido.
 

• "As Aventuras de Vickie", Wickie und die starken Männer, de Michael Herbig, com Christian Koch, Jonas Hämmerle. País: Alemanha. Duração: 85 minutos. Baseado na série infantil de animação fruto de uma cooperação entre estúdios da Alemanha, da Áustria e do Japão, a narrativa fílmica é protagonizada por Vickie, um menino viking de cabelo ruivo que vive em Flake com os pais, chefes da aldeia e, ao contrário dos outros habitantes, é calmo e inteligente. Um dia Flake é invadida por criaturas disfarçados com máscaras de dragão que além de pilhar bens raptam todas as crianças à excepção de Vickie, que escapou por sorte. O chefe da aldeia organiza uma missão de salvamento. Vickie junta-se aos guerreiros contra a vontade do pai e vem a revelar-se uma arma poderosa graças às suas ideias e à sua inteligência.
 

• "Hitchcock", Hitchcock, de Sacha Gervasi, com Anthony Hopkins, Helen Mirren. País. E.U.A. Duração: 98 minutos. Este biopic incide sobre um episódio específico da vida do realizador britânico Albert Hitchcock. Quando o cineasta, a desfrutar do seu sucesso nos Estados Unidos, desenvolveu uma ideia provocadora para um novo filme, uma série de acidentes e inconvenientes veio atrasar as gravações e a conclusão da produção. O filme, o clássico thriller de terror "Psico", causou controvérsia e surpreendeu muitos.  A relação entre Hitchcock e a sua mulher também é explorada nesta narrativa fílmica; ela teve um papel importante na realização de um do projectos mais arrojados do cineasta.
 

• "O Mentor", The Master, de Paul Thomas Anderson, com Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman. País: E.U.A. Duração: 137 minutos. Esta produção, muito elogiada pelos críticos, é livremente inspirada na história do surgimento e consolidação da Cientologia, um culto que ainda é visto com desconfiança e objecto de polémica. Freddie, um oficial da Marinha Americana, regressa a casa traumatizado e sem saber que decisões tomar quanto ao seu futuro. Um cientista carismático, Lancaster Dodd, fundador de uma corrente filosófica com toques religiosos, consegue atrai-lo para a sua rede de discípulos. No entanto, as aparências iludem. A chamada Causa não é tão inofensiva como se pensava e Freddie também sente que algo é suspeito naquele culto.
 

• "Sangue Quente", Warm Bodies, de Jonathan Levine, com Nicholas Hoult, Teresa Palmer. País: E.U.A. Duração: 98 minutos. Trata-se da adaptação para filme do romance de Isaac Marion. A civilização humana foi devastada por um vírus que torna o infectado num zombie; os sobreviventes vivem espalhados por vários abrigos forticificados. Quando um grupo de mortos-vivos esfomeados se cruza com alguns humanos em busca de alimentos um dos zombies, R, dotado de resquícios de uma alma ao contrário dos outros seres como ele, salva uma bonita e vibrante rapariga de nome Julie. R decide protegê-la e deixa-se levar por emoções que ela desperta no seu interior. Os dois desenvolvem uma relação muito especial e, após Julie conseguir voltar a casa, R segue-a e até visita o seu lar familiar, desencadeando uma guerra entre os humanos e os zombies.
 

• "Vickie e o Tesouro dos Deuses", Wickie auf grosser Fahrt, de Christian Ditter, com Jonas Hämmerle, Waldemar Kobus. País: Alemanha. Duração: 96 minutos. Nesta sequela de "As Aventuras de Vickie", o pai do pequeno e inteligente viking protagonista, suspeita que o filho terá dificuldades em tornar-se num guerreiro feroz e forte. Subitamente, o infame Sven, o Terrível, rapta o chefe de Flake. Vickie terá então de enfrentar as suas fraquezas e liderar os guerreiros da aldeia numa operação de resgate, contando com o apoio de uma destemida rapariga, Svenja. O grupo terá de atravessar locais inóspitos e perigosos em busca do chefe de Flake e de um tesouro lendário de que Sven deseja apoderar-se.

Os Óscares aproximam-se

A cerimónia de entrega dos Óscares da Academia de Cinema Norte-Americana terão lugar este mês, na noite do dia 24, em Los Angeles. Antes de serem conhecidos os vencedores da gala deste ano, outros galardões de grande importância para a indústria e os cineastas foram outorgados. Segue-se uma lista dos filmes e personalidades premiados pelas Guildas dos Produtores, Actores e Realizadores Norte-Americanos e pela Instituição Estrangeira dos Filmes Animados:

 

 

Guilda de Produtores Americanos

 

Prémio Zanuck para a Melhor Produção de uma Longa-Metragem:
 

 - "Argo", produzida por Ben Affleck, George Clooney e Grant Heslov

 

Prémio para Melhor Produção de uma Longa-Metragem de Animação:

 

- "Força, Ralph!", produzida por Clark Spencer

 

Prémio para Melhor Produção de uma Longa-Metragem Documental:

 

- Searching for Sugar Man, produzida por Malik Bendjelloul e Simon Chinn

 

Prémio David L. Wolper para a Melhor Produção de uma Mini-Série ou Tele-filme:

 

- Game Change, produzida por Amy Sayres,  Danny Strong, Gary Goetzman, Jay Roach, Steven Shareshian e Tom Hanks

 

Prémio Danny Thomas para a Melhor Produção de uma Série Televisiva de Comédia:

 

- "Uma Família Muito Moderna", produzida por Abraham Higginbotham, Ben Karlin, Bill Wrubel, Brad Walsh, Christopher Lloyd, Chris Smirnoff, Cindy Chupack, Dan O’Shannon, Danny Zuker, Jeff Morton, Jeffrey Richman, Paul Corrigan e Steven Levitan

 

Prémio Norman Felton para a Melhor Produção de uma Série Televisiva Dramática:

 

- "Segurança Nacional", produzida por Alexander Cary, Alex Gansa, Chip Johannessen, Henry Bromell, Howard Gordon, Meredith Stiehm, Michael Cuesta e Michael Klick

 

 

Guilda dos Actores Americanos

 

Melhor Elenco numa Longa-Metragem:

 

- "Argo"

 

Melhor Actor Principal

 

- Daniel Day-Lewis, "Lincoln"

 

Melhor Actriz Principal:

 

- Jennifer Lawrence, "Guia para Um Final Feliz"

 

Melhor Actor Secundário:

 

- Tommy Lee Jones, "Lincoln"

 

Melhor Actriz Secundária:

 

- Anne Hathaway, "Os Miseráveis"

 

Melhor Elenco numa Série Televisiva Dramática:

 

- "Downton Abbey"

 

Melhor Elenco numa Série Televisiva de Comédia:

 

- "Uma Família Muito Moderna"

 

Melhor Actor numa Série Televisiva Dramática:

 

- Bryan Cranston, Breaking Bad

 

Melhor Actriz numa Série Televisiva Dramática:

 

- Claire Danes, "Segurança Nacional"

 

Melhor Actor numa Série Televisiva de Comédia:

 

- Alec Baldwin, "Rockfeller 30"

 

Melhor Actriz numa Série Televisiva de Comédia:

 

- Tina Fey, "Rockfeller 30"

 

Melhor Actor numa Mini-Série ou Tele-filme:

 

- Kevin Costner, Hatfields and McCoys

 

Melhor Actriz numa Mini-Série ou Tele-filme:

 

- Juliane Moore, Game Change

 

Melhores Duplos numa Longa-Metragem:

 

- Skyfall

 

Melhores Duplos numa Série Televisiva:

 

- "A Guerra dos Tronos"

 

Prémios Annie da Instituição Estrangeira dos Filmes de Animação

 

Melhor Longa-Metragem de Animação:

 

- "Força, Ralph!", de Rich Moore

 

Melhor Curta-Metragem de Animação:

 

- Paperman, de John Karhs

 

 

Guilda Americana dos Realizadores

 

Melhor Realizador de uma Longa-Metragem:

 

- Ben Affleck, "Argo"

 

Melhor Realizador de uma Série Televisiva Dramática:

 

- Rian Johnson, Breaking Bad, pelo episódio "Fifty-One"

 

Melhor Realizador de uma Mini-Série ou Tele-filme:

 

- Jay Roach, Game Change

 

Melhor Realizador de uma Longa-Metragem Documental:

 

- Malik Bendjelloul,  Searching for Sugar Man

 

Melhor Realizadora de uma Série Televisisva de Comédia:

 

- Lena Dunham, Girls, pelo episódio-piloto

 

 

Um número pequeno de actores está a acumular a maior parte dos grandes galardões atribuídos por críticos e entidades da indústria cinematográfica. "Argo", após receber o Globo de Ouro para Melhor Filme Dramático, tem conseguido arrecadar muitos prémios e ganho favoritismo na corrida pelo Óscar de Melhor Filme. "Força, Ralph!" também conseguiu arrecadar vários galardões, deixando um pouco em aberto qual será a escolha da Academia em relação à melhor longa-metragem de animação; havia uma curta-metragem de produção e realização portuguesa nomeada para um Annie, "Kali, o Pequeno Vampiro", mas não obteve o desejado prémio, apesar de a sua presença entre os nomeados ser por si só algo muito positivo.
Quem será oscarizado no dia 24?

Estreias da semana

Nesta semana em que foi anunciado o encerramento de 49 salas de cinema em todo o país detidas pela distribuidora Castello-Lopes, estreiam películas para todos os gostos.

 

• "Barbara", Barbara, de Christian Petzold, com Nina Hoss, Ronald Zehrfeld. País: Alemanha. Duração: 105 minutos. A acção da narrativa fílmica decorre no Verão de 1980, na antiga República Democrática Alemã. Barbara, médica, solicita uma autorização do país, sendo surpreendentemente penalizada com um processo disciplinar e a transferência para um hospital rural. Jörg, o seu amado da outra Alemanha, prepara a fuga com Barbara através do mar Báltico No hospital, ela começa a trabalhar na área da cirurgia infantil sob a direcção de Andre, destacando-se por ser atenciosa com os doentes, mas não confiar muito nos colegas. Entretanto, Barbara repara que se sente cada vez mais interessada em Andre, que acredita nas suas capacidades como médica e lhe sorri afectuosamente. Porém, há algo estranho a ocorrer: o médico-chefe presta demasiada atenção a uma paciente de nome Stella. Barbara fica com ciúmes e dúvidas e questiona a sua identidade, os planos de fuga e o amor enquanto o dia da fuga com Jörg se aproxima.

 

• "Freelancers", Freelancers, de Jessy Terrero, com 50 Cent, Robert De Niro. País: E.U.A. Duração: 96 minutos. Malo decide inscrever-se na polícia após a morte em serviço do pai, um oficial da polícia de Nova Iorque, aliando-se ao antigo parceiro do progenitor e a colegas corruptos e submetendo-se a testes psicológicos por parte do chefe, Sarcone. Entretanto, a verdade sobre o assasinato do pai é descoberta e o jovem decide vingar-se.

 

• "Hansel e Gretel: Caçadores de Bruxas", Hansel and Gretel: Witch Hunters, de Tommy Wirkhola, com Jeremy Renner, Gemma Arterton. País: Alemanha, E.U.A. Duração: 88 minutos. Esta é uma versão cinematográfica adulta e mais violenta do famoso conto infantil "A Casinha de Chocolate" ou "Hansel e Gretel". Os irmãos, anos depois de se terem perdido numa floresta e enfrentado uma velha bruxa e adquirido um gosto por caçar as diabólicas criaturas, ganham o estatuto de guerreiros sempre prontos a proteger as pessoas da magia negra. No entanto, Hansel e Gretel vão tornar-se no alvo de uma ameaça mais perigosa que as bruxas, o seu passado.

 

• "Lincoln", Lincoln, de Steven Spielberg, com Daniel Day-Lewis, Sally Field. País: E.U.A. Duração: 150 minutos. Este biopic retrata os últimos quatro meses de vida de Abraham Lincoln, antigo presidente dos Estados Unidos da América. É mostrado como Lincoln tratou em simultâneo de assuntos como a abolição da escravatura e o fim da Guerra Civil. A 13ª Emenda, que ilegalizou a escravatura e foi submetida a uma votação renhida na Câmara dos Representantes é um dos momentos que marcou a carreira política do antigo presidente.

 

• "Parker", Parker, de Taylor Hackford, com Jason Statham, Jennifer Lopez. País: E.U.A. Duração: 118 minutos. Parker, um assaltante experiente e audaz, é especialista em assaltos estranhos e vistos como impossíveis, apesar de apenas exigir aos colegas a sua cumplicidade. Durante um assalto que não corre como o esperado, ele recusa-se a participar numa manobra proposta por um líder criminoso, Melander. O perigoso homem tenta livrar-se de Parker, atacando-o numa área deserta e deixando-o gravemente ferido. Porém, Parker sobrevive aos ferimentos e procura a retaliação, seguindo os subalternos de Melander até Palm Beach e adoptando uma nova identidade, a de um rico que procura uma casa. Aí conhece Leslie, uma agente imobiliária com muitos conhecimentos sobre a região que o irá ajudar quando ele descobre que Melander quer executar um roubo milionário e elabora um plano para sequestrar os bens roubados e assim, vingar-se.

Estreias da semana

Ontem estrearam quatro filmes no cinema, dois deles de origem norte-americano e dois europeus.

"Django Libertado", Django Unchained, de Quentin Tarantino, com Christoph Waltz, Jamie Foxx. País: Estados Unidos. Duração: 165 minutos. No sul dos Estados Unidos da América, a dois anos de eclodir a Guerra Civil, um escravo de nome Django é vendido a um caçador de recompensas alemão, Schultz. Após ambos concluírem com sucesso a captura de dois criminosos, Schultz premeia Django com a liberdade, mas a empatia que existe entre os dois faz com que continuem a colaborar em missões. Django aproveita a oportunidade para aperfeiçoar o seu domínio das armas e da arte da caça, tendo em mente um único grande objectivo, o de salvar Broomhilda, a mulher, da qual perdera o rasto num mercado de escravos. Ao procurarem o seu paradeiro, os dois companheiros encaram Calvin Candie, o excêntrico e malévolo dono de Candyland, uma plantação provida de escravos que são treinados para lutarem entre si. Broomhilda está entre os muitos escravos de Candie, cuja propriedade será explorada por Django e Schultz sob uma mentira. Os aventureiros tentarão resgatar a mulher, mas terão de enfrentar um escravo fiel e outras ameaças.

"O Impossível", Lo Imposible, de Juan Antonio Bayona, com Ewan McGregor, Naomi Watts. País: Espanha. Duração: 114 minutos. Baseado em factos reais, a narrativa fílmica retrata como uma família viveu os momentos prévios e posteriores ao maremoto que em 2004 arrasou diversas áreas costeiras do continente asiático. Maria, Henry e os três filhos viajam até à Tailândia, onde planeiam desfrutar de um Natal e de uma entrada no ano novo diferentes do habitual. No entanto, no dia 26 de Dezembro, enquanto se divertem na piscina do hotel, a terra treme com extrema violência e faz-se seguir por uma onda gigante que destrói tudo o que está à sua frente. Os membros da família são separados e, uma vez terminada o tormento da Natureza, vão fazer os possíveis por reencontrar-se ao mesmo tempo que observam e participam em momentos raros de compreensão e ajuda ao próximo.

"Sem Ti", The Greatest, de Shana Feste, com Aaron Johnson, Carey Mulligan. País: E.U.A. Duração: 99 minutos. A família Brewer sofre uma terrível perda, a do filho Bennett num acidente de viação, o que faz com que suceda uma série de acontecimentos dolorosos nas vidas destes. A mãe e o pai não conseguem aceitar a perda e a depressão apodera-se deles, enquanto o irmão, que sempre fora colocado em segundo lugar, ganha ainda mais distância em relação aos pais. Entretanto surge a namorada de Bennett, que apresentará novas situações à família e piorar o drama que vivem.

"Um Porco em Gaza", Le Cochon de Gaza, de Sylvain Estibal, com Baya Belal, Sasson Gabay. País: França. Duração: 98 minutos. Ao regressar da faina após uma tempestade, Jaffar, um pescador palestiano, descobre um porco caído de um cargueiro nas redes do seu barco. O homem vai imediatamente tentar vender aquele animal, considerado impuro tanto pelo Islamismo como pelo Judaísmo, tentando ganhar algo com isso. Porém, ao passear com o porco por Gaza percebe que vender a criatura será mais difícil do que pensa. Terá de de enfrentar a polícia israelita e grupos islamistas, que lutam pelo controlo da cidade, além de situações estranhas que tornarão a sua missão bastante invulgar e cómica.

Cantar as mágoas e as alegrias

Visualizei há uns dias um musical no cinema, algo que não faço há alguns anos. O filme era "Os Miseráveis", o vencedor de três Globos de Ouro no passado Domingo que está nomeado para oito Óscares da Academia Americana de Cinema.

"Os Miseráveis" é a versão cinematográfica do musical inspirado no romance clássico de Victor Hugo. A acção da narrativa decorre na França, no século XIX, no período entre a Batalha de Waterloo e os motins de 1832. Jean Valjean é um homem condenado a uma pena injustamente longa pelo roubo de um naco de pão que, quando obtém a liberdidade condicional, foge do controlo policial, adopta uma personalidade diferente e recomeça uma nova vida, tendo na sua peugada o inspector que o vigiava na cadeia, Javert. Torna-se num respeitado dono de uma fábrica onde trabalha Fantine, uma jovem mulher que é despedida devido a falsas acusações e é forçada a trabalhar na prostituição. Valjean encontra-se uma noite com Fantine e descobre que ela envia todo o pouco dinheiro que recebe à sua filha Cosette. Ele decide então, após a morte da jovem por culpa da tuberculose, adoptar a sua filha. Valjean e Cosette vão juntos ter de iniciar uma nova existência nas penumbras, tentando aos poucos conseguir ser felizes, enquanto a França se prepara para revoltas e motins contra o rei e o inspector Javert tenta incessantemente encontrar o preso que sempre consegue escapar-lhe.

O filme é um épico que mistura drama, música e uns toques de comédia. Os cenários e o guarda-roupa tornam a narrativa mais realista, mas também mais grandiosa. Os actores estão muito bem escolhidos, mesmo os mais novos. As interpretações musicais são emocionantes, tendo tido lugar nos locais de filmagem, e quando não parecem perfeitas, ou até um pouco desafinadas, deve-se tal à necessidade de transmitir certos sentimentos que limitam fisicamente a voz. A mensagem da obra literária "Os Miseráveis" e do seu musical é retratada com eficácia.
Há alguns defeitos na película, geralmente técnicos. A fidelidade à narrativa original de Victor Hugo não é total, havendo personagens que não são incluídas ou que adquirem um novo papel no filme.
Recomendo este filme a quem adora musicais e de cantarolar as canções no fim da sessão.

Estreias da semana

Esta semana estreiam quatro filmes.

• "00:30 A Hora Negra", Zero Dark Thirty, de Kathryn Bigelow, com Jessica Chastain, Joel Edgerton. País: E.U.A. Duração: 157 minutos. Este controverso filme que tem arrecadado galardões e sido considerado por muitos como o melhor filme de 2012 retrata como uma pequena equipa operacional da CIA consegui localizar e capturar Bin Laden, líder do órgão terrorista Al-Qaeda, responsável pelo sequestro, em 2001, de quatro aviões domésticos norte-americanos que chocaram contra as Torres Gémeas de Nova Iorque, o Pentágono e um terreno próximo de uma residência de férias do presidente dos E.U.A. Katheryn Bigelow e o argumentista Mark Boal revelam na película pormenores da operação da captura de Osama Bin Laden pouco conhecidos.

• "Reality", Reality, de Matteo Garrone, com Aniello Arena, Loredana Simioli. País: Itália. Duração: 115 minutos. Vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes de 2012, "Reality" é uma comédia cujo protagonista, o napolitano Luciano, é convencido pela família a inscrever-se na versão italiana do concurso Big Brother. Porém, a busca da fama e do prémio monetário vão mostrar-se bem diferentes do esperado e alterar a sua percepção da realidade.

• "Seis Sessões", The Sessions, de Ben Lewin, com Helen Hunt, John Hawkes. País: E.U.A. Duração: 95 minutos. Baseado num caso verídico, a narrativa fílmica centra-se em Mark O'Brien, um jornalista e poeta paralisado desde criança como consequência de ter contraído uma poliomielite. Aos trinta e oito anos, com um pulmão de ferro e muito dependente dos demais, O'Brien decide amadurecer sexualmente e perder a virgindadade, contactando para tal uma terapeuta sexual, com o apoio de duas pessoas próximas, a médica e um padre.

• "Undisputed III - Redenção", Undisputed III - Redemption, de Isaac Florentine, com Mykel Shannon Jenkins, Scott Adkins. País: E.U.A. Duração: 96 minutos. O russo Yuri Boyka continua a cumprir pena num austero local e tem de suportar as dores provocadas por uma lesão grave sofrida no joelho durante um combate, no final da narrativa de Undisputed II, que o debilitou bastante. No entanto, quando sabe da organização de um torneio clandestino de artes marciais mistas nas instalações da sua prisão que envolverá muitos presidiários de todo o mundo e tem como prémio a liberdade, Boyka inicia uma série de rigorosos treinos que o ajudarão a recuperar a forma. Irá concorrer no torneio e tentar ganhar a sua dignidade como lutador e um lugar fora da prisão.

Globos de Ouro 2013

Ontem à noite teve lugar em Beverly Hills, no estado norte-americano da Califórnia, a cerimónia de entrega dos Globos de Ouro de 2013, que visam premiar os melhores filmes e produções televisivas do ano de 2012. Os nomeados e os vencedores foram designados pela Associação de Correspondentes da Crítica e da Imprensa Estrangeira em Hollywood.

Seguindo a ordem pela qual foram atribuídos os galardões, estes são os vencedores:

• Melhor Actor num Filme: Christoph Waltz, "Django Libertado"
• Melhor Actriz Secundária numa Série, Mini-Série ou Telefilme: Maggie Smith, "Downton Abbey, Temporada 2"
• Melhor Mini-Série ou Telefilme: Game Change
• Melhor Actriz Principal numa Mini-série ou Telefilme: Julianne Moore, Game Change
• Melhor Actor Principal numa Série Dramática: Damien Lewis, "Segurança Nacional"
• Melhor Série Dramática: "Segurança Nacional"
• Melhor Banda-Sonora Original num Filme: "A Vida de Pi"
• Melhor Canção Original: Skyfall, "Skyfall"
• Melhor Actor Principal numa Mini-Série ou Telefilme: Kevin Costner, Hatfields & McCoys
• Melhor Actriz Principal num Filme de Comédia ou Musical: Jennifer Lawrence, "Guia para um Final Feliz"
• Melhor Actor Secundário numa Série, Mini-Série ou Telefilme: Ed Harris, Game Change
• Melhor Actriz Secundária num Filme: Anne Hathaway, "Os Miseráveis"
• Melhor Argumento para Filme: "Django Libertado", Quentin Tarantino
• Melhor Actor Principal numa Série de Comédia ou Musical: Don Cheadle, House of Lies
• Melhor Filme Estrangeiro: "Amor", de Michael Haneke
• Melhor Actriz numa Série Dramática: Claire Danes, "Segurança Nacional"
• Melhor Filme Animado: "Brave - Indomável"
• Melhor Actriz Principal numa Série de Comédia ou Musical: Lena Dunham, Girls
• Melhor Realizador de um Filme: Ben Affleck, "Argo"
• Prémio Cecil B. DeMille para uma Carreira. Jodie Foster
• Melhor Série de Comédia ou Musical: Girls
• Melhor Actor Principal num Filme de Comédia ou Musical: Hugh Jackman, "Os Miseráveis"
• Melhor Filme de Comédia ou Musical: "Os Miseráveis"
• Melhor Actriz Principal num Filme Dramático: Jessica Chastain, "00:30 Hora Negra"
• Melhor Actor Principal num Filme Dramático. Daniel Day-Lewis, "Lincoln"
• Melhor Filme Dramático: "Argo"

A apresentação principal da gala esteve a cargo das humoristas e actrizes Tina Fey e Amy Poehler que souberam proporcionar uns quantos momentos divertidos. A cerimónia durou menos tempo que o ano passado, o que é de agradecer após uma transmissão constantemente interrompida por anúncios.

Alguns dos vencedores eram previsíveis. Jennifer Lawrence, Anne Hathaway e Daniel-Day Lewis já haviam sido premiados pelas suas prestações em "Guia para um Final Feliz", "Os Miseráveis" e "Lincoln", respectivamente. Outro caso que pode ser mencionado é o do do filme "Amor", do austríaco Michael Haneke, que foi distinguido em 2012 com a Palma de Ouro em Cannes e tem conquistado diversos galardões atribuídos por associações de críticos norte-americanos, pelo que era de esperar que recebesse o prémio para Melhor Filme Estrangeiro. "Segurança Nacional" voltou a ser considerada a série dramática do ano.

Houve, no entanto, algumas surpresas a marcar a noite. "Guia para um Final Feliz" seria, segundo muitos e tendo em consideração os prémios ganhos este mês e no anterior, o vencedor na categoria de Melhor Filme de Comédia ou Musical, mas o galardão foi recebido pela película "Os Miseráveis". A maior surpresa da noite foi a atribuição do Globo de Ouro de Melhor Realizador a Ben Affleck, que competia com profissionais com longas e elogiadas carreiras como Ang Lee, Steven Spielberg e Katheryn Bigelow e Quentin Tarantino. Outro vencedor inesperado foi o filme "Argo" na categoria de Melhor Filme Dramático, já que se esperava que ganhasse "00:30 Hora Negra" ou "Lincoln".

Ben Affleck a aceitar o Globo de Ouro para Melhor Realizador

Estreias da semana

Nesta semana de divulgação de nomeados aos Óscares estreiam dois filmes com possibilidades de ganhar pelo menos um dos galardões, além de um filme espanhol e o regresso de Orlando Bloom ao grande ecrã.

 

• "Decisão de Alto Risco", Flight, de Robert Zemeckis, com Denzel Washington, Don Cheadle. País: E.U.A. Duração: 138 minutos. Whip Whitaker, um experiente piloto de aviões, é considerado um herói nacional após evitar que um acidente de viação terminasse numa tragédia com habilidade, astúcia e salvando a maior parte dos passageiros. Contudo, à medida que avançam as investigações aos motivos que causaram o acidente, algumas suspeitas surpreendem o público. Entre outras suposições, é posto em causa o heroísmo do capitão Whitaker, que poderia ter pilotado o avião sob o efeito do álcool e ter um papel na quase calamidade.
 

• "Guia para um Final Feliz", Silver Linings Playbook, de David O. Russel, com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence. País: E.U.A. Duração: 122 minutos. Trata-se da adaptação para o grande ecrã do romance homónimo de Matthew Quick. A narrativa fílmica centra-se inicialmente em Pat Solitano, um homem que se separou da mulher e perdeu a casa e o emprego. Após sofrer uma depressão, tenta recompor-se e recuperar a relação com a mulher, ainda que os pais desejem que ele invista mais na sua recuperação completa e em apoiar o clube de futebol americano preferido da família, os Philadelphia Eagles. Entretanto, Pat conhece Tiffany, uma jovem mulher misteriosa com uma doença psiquiátrica, viúva, que se oferece para ajudá-lo a reunir-se à sua ex-mulher em troca de algo. O acordo entre ambos origina um elo que faz terem lugar acontecimentos felizes que os vão unir.
 
 
• "Manolete - Sangue e Paixão", Manolete, de Menno Meyjes, com Adrien Brody, Penélope Cruz. País: Espanha. País: 92 minutos. Nesta biopic do famoso toureiro espanhol Manuel Rodríguez, conhecido por Manolete, explora-se a sua vida atarefada dentro e fora dos recintos e a sua relação com Lupe Sino. Ele era visto como um homem tímido, taciturno e rude, mas consegue apaixonar-se por Lupe e a sua sinceridade, a sua beleza e a sua amabilidade. Ela irá ensiná-lo a lidar com a fama e a perceber como amar a vida e temer a morte, algo Manolete não temia.
 
 
• "Perto de Mim", The Good Doctor, de Lance Daly, com Orlando Bloom, Riley Keough. País: E.U.A. Duração: 91 minutos. Martin Blake é um médico jovem e muito profissional que deseja impressionar os colegas, desde os enfermeiros, aos estagiários e chefes de serviço, apesar de ter algumas inseguranças quanto às suas capacidades. Quando uma rapariga de 18 anos de nome Diane é internada no hospital com uma infecção renal, Martin encarrega-se dela e tenta usar o caso para ocultar os seus complexos de inferioridade. No entanto, Diane e a sua doença entusiasmam-no tanto que se tornam numa obcessão.

Estreias da semana

Estas são as primeiras estreias cinematográficas de 2013. O quarto filme indicado estreou no dia 1 de Janeiro, enquanto os outros só estrearam ontem.

• "Enquanto Dormes", Mientras Duermes, de Jaume Balagueró, com Lluis Tosar, Marta Etura. País: Espanha. Duração: 102 minutos. César, porteiro num prédio, conhece a fundo os moradores do local. Está a par de grande parte das acções do inquilinos e dos seus segredos, tendo assim o poder de agir contra ou a favor deles quando lhe apraz. Quando uma jovem e simpática mulher se muda para o prédio, César fica obsecado por ela. Porém, César põe demasiado em jogo para conhecer melhor e dominar a sorridente mulher e as suas pequenas investigações tomam um rumo perigoso que pode ter consequências para ele.

• "Eu, Alex Cross", Alex Cross, de Rob Cohen, com Rachel Nichols, Tyler Perry. País: E.U.A. Duração: 101 minutos. Chega aos ecrãs o filme em que é explorado o passado de Alex Cross, personagem de "Na Teia da Aranha" e "Beijos que Matam", como detective ao serviço da polícia de Detroit. A narrativa segue, principalmente, Cross na perseguição de um assassino em série que se faz chamar Picasso. Na companhia de Tommy Kane e Monica Ashe, Cross vai tentar proteger o grande alvo do criminoso, o director de uma multi-nacional, Giles Mercier, enquanto tenta perceber o modo de pensar de Picasso e antecipar os seus movimentos.

• "Os Miseráveis", Les Miserábles, de Tom Hooper, com Anne Hathaway, Hugh Jackman. País:  Reino Unido. Duração: 157 minutos. Esta película é a adaptação ao grande ecrã do musical inspirado no romance homónimo de Victor Hugo. A narrativa situa-se na França do século XIX e tem como grande protagonista Jean Valjean, um homem com pouca sorte que perde quase vinte anos da sua vida na prisão por um pequeno roubo. Após a saída da cadeia, foge da liberdade condicional e comete algumas pequenas infracções, mas sonha mudar a sua vida. Conhece então a ex-operária Fantine, caída em desgraça, e aceita cuidar e educar a sua pequena filha, Cosette. No entanto, a sua caminhada até à felicidade e a adopção de uma nova vida são dificultadas por Javert, um polícia que não desiste de perseguir Valjean e fazê-lo pagar por desrespeitos à lei. Só que o poder dos sonhos e da vida é muito mais forte do que se possa julgar.

• "Zambézia", Zambezia, de Wayne Thornley, com as vozes de Abigail Breslin, Leonard Nimoy,  na versão original e as vozes de Francisco Areosa, Inês Castel-Branco na versão portuguesa. País: África do Sul. Duração: 97 minutos. Kai, um jovem e inocente falcão, viaja até Zambezia, uma cidade florestal próxima das Cascatas de Vitória onde as aves se concentram, para saber mais sobre as suas origens. Nessa sua viagem reveladora vai aprender também, graças às suas capacidades para proteger a área, a viver em comunidade.

Amar de uma maneira ou de outra

Um dos filmes mais premiados e elogiados pelos críticos cinematográficos o ano passado foi Amor, de Michael Haneke, realizador de outra obra muitas vezes galardoada, O Laço Branco. Amor é um dos favoritos a integrar a lista de nomeados e a receber o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro na cerimónia deste ano.

 Amor tem como protagonistas Anne e Georges, um casal de professores de música reformados, cultos e curiosos, que já ultrapassou a barreira dos oitenta anos. Eles amam-se com doçura e lealdade e têm uma vida normal no seu apartamento em Paris, além de uma filha casada a viver na Grã-Bretanha que se dedica à música. Todavia, a alegria e a tranquilidade conjugais vão sofrer um abalo quando Anne é vítima de uma paragem circulatória e de vários acidentes vasculares cerebrais que não a debilitam como supõe um desafio à força da relação que une marido e mulher.

Mais uma vez, Haneke apresenta uma narrativa cativante, com os seus elementos curiosos e outros arrepiantes. Amor reflecte bem os pontos altos e baixos de uma relação amorosa e a maneira como um problema inesperado e imbatível pode ser resolvido chocando uns, mas revelando também uma faceta menos comum do amor.
O elenco está muito bem escolhido e a claustrofobia crescente do desafio à normalidade imposta ao casal idoso está bem representada na concentração da acção da narrativa no interior do apartamento e ao silêncio que reina nesse mesmo local. Emmanuelle Riva tem uma prestação realista e cuidadosa da sua personagem, apresentando-se como uma provável nomeada ou vencedora do Óscar de Melhor Actriz Principal.
Recomendo o filme, mas não a quem se encontra preocupado e / ou desanimado. É bastante bom, apesar de um tanto deprimente e entristecedor.

Uma viagem com adrenalina

Visionei há poucos dias o a primeira parte da trilogia que adapta ao grande ecrã a obra O Hobbit, de J.R.R. Tolkien, obra essa que é considerada uma espécie de prequela da saga O Senhor dos Anéis. O Hobbit era inicialmente apenas um livro de aventuras que Tolkien desejava oferecer aos filhos, mas que acabou por ser publicado e dar origem a uma série de outros textos com a Terra Média como local de acção. Seguiram-se versões animadas para a televisão, dramatizações radiofónicas e filmes inspirados nos mais famosos volumes dedicados aos povos e às ocorrências na Terra Média.

Depois de adaptar ao grande ecrã os três volumes de O Senhor dos Anéis, o realizador Peter Jackson ficou encarregado de proporcionar a O Hobbit o mesmo tratamento. No entanto, decidiu-se dividir o conteúdo do livro em três filmes e enriquecê-lo com elementos de outras narrativas de Tolkien e pormenores referidos no texto adaptado, sendo o primeiro filme intitulado de O Hobbit: Uma Viagem Inesperada.

 

O Hobbit: Uma Viagem Inesperada é protagonizado pelo hobbit Bilbo Baggins, que vive pacatamente e em sossego numa aldeia verdejante e solarenga até ao dia em que o Feiticeiro Cinzento, Gandalf, lhe faz uma visita e o convida para juntar-se a ele numa aventura onde servirá as honras de ladrão de um grupo numerosos de indivíduos. Após acolher relutantemente treze anões em sua casa, descobrir que o objectivo da viagem é lutar com um dragão e recuperar um tesouro e um trono que pertencem ao anão Throrin Oakshield, além de ponderar se se juntar aos aventureiros, Bilbo decide embarcar na aventura. No entanto, muitas serão as surpresas que esperam e assustam Bilbo, tais como trolls, Orcs, gigantes de pedra e uma criatura estranha que possui um anel que tem em grande estima.

 

O filme, tal como cada parte da trilogia d' O Senhor dos Anéis, é rico ao nível da caracterização de espaços e personagens. Há sempre algo a ocorrer, pelo que se pode dizer que é uma película de aventura e acção feita com esmero e que cativa o olhar e a atenção. Tem bons momentos humorísticos e até musicais.

Os actores foram bem seleccionados e creio que Martin Freeman consegue reflectir de maneira muito eficaz as características e os tiques de Bilbo Baggins.

Contudo, a adrenalina que injecta no espectador é também um dos defeitos d' O Hobbit. O número de sequências de acção, excessivo, tira alguma credibilidade artística ao filme e parece estar, por vezes, só a encher espaços na narrativa fílmica para a estender.

O Hobbit: Uma Aventura Inesperada é um filme muito divertido que recomendo aos fãs dos livros de J.R.R. Tolkien e a quem procure distrair-se com uma aventura épica e imaginar-se durante algum tempo num mundo mágico. Não é um grande filme, mas até vale a pena uma espreitadela.