sábado, 14 de julho de 2012

Manias

No mundo cinematográfico, como em outras áreas, há períodos marcados por paradigmas e modas que os espectadores geralmente consideram desnecessárias. Vou citar alguns exemplos recentes.

Houve a loucura pelas adaptações ao grande ecrã de romances do género fantástico  que se iniciou com as aventuras de "Harry Potter" e "O Senhor dos Anéis", às quais se seguiu uma série de projectos inspirados igualmente em sagas literárias, normalmente dedicadas aos mais jovens, de vários volumes e muitas páginas, sendo dada maior enfâse a sagas recentes. Infelizmente, muitas não repetiram o êxito dos magos de J.K. Rowling: a tetralogia Herança só viu adaptada ao cinema o seu primeiro volume, "Eragon", o mesmo tendo sucedido às sagas Mundos Paralelos ("Os Reinos do Norte") e Percy Jackson ("Percy Jackon e os Ladrões do Olimpo"). As Crónicas de Spiderwick ("As Crónicas de Spiderwick") teve uma versão cinematográfica que adaptava vários dos seus volumes, talvez com receio de que o sucesso do filme não fosses estrondoso. Outros casos com um êxito intermédio em que existem vários filmes a transporem para o ecrã os diversos volumes de uma saga: temos o exemplo de Artur, tetralogia cuja popularidade na Europa é maior que na América, já viu três dos seus livros serem transformadas em película; As Crónicas de Nárnia, heptalogia contemporânea de O Senhor dos Anéis, também visitou os ecrãs dos cinemas recentemente em três ocasiões, porém o êxito decrescente das adaptações, particularmente nos E.U.A., poderá conduzir a uma cessação da produção de novos filmes no futuro.

Os designados super-heróis e os zombies,  bem como os vampiros, os lobisomens e os heróis de ficção-científica também estão a surgir com muita frequência nos ecrãs, tenham sido transferidos de sagas literárias recentes, romances clássicos, romances gráficos e bandas desenhadas com décadas de existência que continuam a ser publicadas em novas revistas adaptadas a novos públicos. Como acontece com as aventuras fantásticas, nem todas as películas baseadas nestes produtos culturais têm êxito garantido. No caso dos heróis das bandas desenhadas, temos casos de sucesso como "X-Men", os "Batman", "Homem-Aranha", "Super-Homem" e "Thor", mas também fracasos como "Demolidor", "Lanterna Verde", "Catwoman" e "Jonah Hex". Os zombies, os vampiros e a ficção científica têm obtido muita notoriedade na televisão com as séries "The Walking Dead", "Sangue Fresco" e "Diários do Vampiro"; porém, a balança não é tão equilibrada no caso das adaptações ao grande ecrã - de um lado temos o sucesso dos filmes "28 Dias Depois", "Eu sou a Lenda", das sagas "Parque Jurássico", "Twilight - Luz e Escuridão" e "Os Jogos da Fome", que pelos resultados do primeiro filme promete continuar a ter êxito nas sequelas, do outro lado mais leve da balança estão "John Carter", este último inspirado numa série de livros.

Contudo, com a crise económica e o receio de apostar em argumentos novos e forçar os leigos a ler, há novas formas de manter as personagens literárias mais adoradas no ecrã. Existem as óbvias sequelas caso se trate da adaptação de uma saga literária ou de BD, mas estas têm um fim? Porque não explorar as origens dos super-heróis em prequelas ("Wolverine", "X-Men: O Ínicio", um reboot dos filmes inspiradas nos livrinhos do Homem-Aranha) ou até dividir filmes fulcrais em dois? "Harry Potter e os Talismãs da Morte" foi desnecessariamente desdobrado em duas partes que só fizeram aumentar os lucros dos estúdios da Warner Brothers, "Twilight - Amanhecer" também submeteu-se a essa delicada operação para desespero de fãs impacientes e de haters. Mesmo O Hobbit, considerado uma prequela da trilogia O Senhor dos Anéis e que acabou de ser filmada há poucos dias, vai ter de ser mostrado aos fãs do livro em dois filmes. A vítima mais recente deste tratamento lucrativo que tanto evitar o corte de momentos adorados de uma narrativa como não o fazer de todo, é a adaptação de Mockingjay, a terceira e última parte da trilogia Os Jogos da Fome.

A única coisa que se pode fazer é boicotar filmagens, algo arriscado e violento, recusar-se a ver a primeira, segunda ou ambas partes do filme ou esperar que os realizadores e argumentistas não se tenham esquecido da tal personagem secundária muito engraçada e do pormenor magnífico que dois leitores não podem deixar de comentar. Qual a melhor decisão a tomar?

1 comentário:

  1. Penso que a segunda hipótese seria a mais viável. Infelizmente, a indústria cinematográfica (tal como tantas outras) tornou-se escrava do lucro, por isso, o melhor seria cortar o mal pela raiz.

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Críticas boas e más às críticas