domingo, 14 de outubro de 2012

Amor em Roma

O mais recente filme de Woody Allen, "Para Roma com Amor", retoma a viagem cinematográfica do realizador pela Europa, desta vez com paragem na capital italiana. Allen volta a estar do outro lado do ecrã, incorporando um elenco que conta com actores norte-americanos, italianos e uma espanhola fluente em língua italiana, Penélope Cruz.

O filme embarca quatro narrativas que não se cruzam, apesar de terem pontos em comum e de Roma ser o seu local de acção. Por um lado temos um conto que começa por focar-se em Hayley, uma jovem turista que se apaixona pelo italiano Michelangelo, tendo a ideia de convidar os pais a conhecerem o amado e a sua família; no entanto, os progenitores dos namorados contrastam em ideais e ocupações laborais e não recebem de igual maneira o projecto artístico que surge na cabeça do pai de Hayley, um ex-encenador de óperas, após este escutar o pai de Michelangelo cantar maravilhosamente uma ária no chuveiro. Do outro lado temos um arquitecto estrangeiro com uma longa carreira que se encontra com um estudante de arquitectura e se torna numa espécie de seu conselheiro em várias áreas, como a sentimental. Há ainda espaço para satirizar a fama e a sua efemeridade através do caso de Leopoldo, um funcionário comum com uma família e uma vida normais que de um dia para o outro se torna famoso sem razão aparente e sê perseguido por paparazzi que querem saber tudo sobre ele. Por último, é apresentado um casal ingénuo e muito jovem vindo de uma zona rural que vai à procura de uma vida melhor em Roma graças a uma oportunidade de trabalho para o marido, até que sucedem imprevistos; enquanto ela se perde na grande e mágica cidade à procura de um cabeleireiro e trava conhecimento com alguns dos seus actores preferidos, ele é visitado por uma prostituta que por engano entra no seu quarto de hotel.

Muitos se queixam de que este filme tem algo de postal turístico de Roma, mas a verdade é que Woody Allen apenas quer homenagear o que a cidade tem de belo e a aura que a capital italiana transmite a estrangeiros e mesmo aos italianos. Já li uma crítica que afirmava que o uso do famoso Nel blu dipinto di blu no início e no final do filme faria um italiano levar a mão à testa perante a escolha um pouco óbvia, contudo essa canção não é uma antiguidade risível para muitos: é algo nostálgico, quer o espectador goste da canção ou não, e realça o encanto de Roma.
As narrativas têm muitos aspectos cómicos, sejam personagens ou situações, e fiéis ao estilo de escrita de Allen, servindo também como um elogio ao cinema cómico italiano que inspirou o realizador. Há também um lado satírico nalguma desta comédia, seja no modo como a fama é idolatrada, nos contrastes entre pessoas de diferentes países ou na ingenuidade e espanto com que o elemento rural reage o urbano.
Os actores foram bem escolhidos e a banda-sonora adequa-se ao clima romântico/cómico.
Vale a pena visionar o filme "Para Roma Com Amor".

Sem comentários:

Enviar um comentário

Críticas boas e más às críticas