Pessimismo entre festas

O filme "Oslo. 31 de Agosto", de Joachim Trier, estreou muito discretamente nas salas nacionais a semana passada, mesmo tendo recibido prémios a nível internacional e sido exibido em diversos festivais, nos quais foi geralmente bem recebido. Em Lisboa só uma sala de cinema o está a mostrar. Aproveitei para visioná-lo.

A acção da narrativa fílmica decorre ao longo de cerca de um dia. Anders, um antigo toxicodependente e alcóolico que está a pouco de terminar o tratamento de desintoxicação num centro de reabilitação, consegue obter permissão para se ausentar do local durante um dia e ser submetido a uma entrevista de trabalho em Oslo.

 

Anders aproveita os momentos de liberdade para visitar amigos, rever a cidade e participar em festas, ainda que mostre um lado pessimista e dúvidas em relação aos propósitos da sua vida, o que preocupa alguns dos seus amigos. A entrevista de trabalho, que parece correr bem, não o anima, e só um devaneio passional com uma estudante universitária num festa nocturna o faz sorrir,  enquanto o álcool e outras substâncias tóxicas o tentam e penetram no seu corpo. Quer Anders recomeçar uma nova vida após o tratamento ou será que não tem esperança nisso?

Este filme é cativante na maneira realista com retrata as relações interpressoais e interessante na apresentação de Oslo, ao não quer oferecer ao espectador um postal, mas um apenas um local para o desenvolvimento de uma narrativa. O optismismo que surge ocasionalmente na mente de Anders, ao contrário do que sugerem certas sínteses e apresentações, não é tão visível e terno como seria de esperar - este é um filme melancólico em que se debate sobre os desejos para um futuro ou a inexistência deles.
Recomendo por ser curioso e introspectivo na medida certa, acabando por proporcionar ao espectador uma perspectiva diferente da sua, mesmo que nalguns aspectos não seja a mais positiva e potável. Se estiver com vontade de ver algo mais animado, recomendo que deixe o visionamento da película para mais tarde.