Bonsais e blá, blá, blá

"Bonsai", Bonsái, do realizador chileno Cristián Jiménez, estreou há cerca de duas semanas em Portugal. É baseado no romance homónimo de Alejandro Zambra, participou na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2012 e ganhou prémios nos Festivais de Havana e Miami.

 

Julio, estudante de um curso de licenciatura, apaixona-se por uma colega de turma, Emilia, admiradora do estilo punk e de festas com música. Ambos partilham passeios, casa e leituras na cama, geralmente de excertos das obras maiores de Marcel Proust.

Uns anos mais tarde, Julio namora com uma vizinha e trabalha como dactilógrafo de um célebre escritor, o senhor Gazmurri, que insiste em escrever os seus romances à mão. Porém, o velho Gazmurri despede-o após encontrar uma secretária que oferece os seus serviços por um preço inferior. Julio, que já havia mostrado à namorada os cadernos e parte do texto que o autor estava a escrever, decide ocultar o despedimento e as novas funções que desempenha como explicador de Latim de uma rapariga provavelmente rica com a reescrita do romance de Gazmurri com os mesmos materiais e o mesmo tipo de letra que o escritor usava. Só que Julio não aproveita a narrativa do seu antigo empregador, preferindo contar tudo sobre a sua relação com Emilia como se fosse um tabalho de ficção.

 

Este filme, tal como anuncia o poster promocional, trata "do amor, de livros e de blá, blá, blá". A personagem principal vive o amor em adolescente e já como adulto, havendo entre ambas um livro como ligação e um bonsai, formado por uma pequena árvore delicada, representando a segunda namorada, e um vaso azul que pertencera a Emilia e a simboliza. O blá, blá, blá é um desabafo quando não apetece dizer nada mais a alguém que nos compreende, como sucedia com Julio e Emilia, e é também uma maneira de albergar pequenos detalhes no discurso.

É um filme agradável e bonito, também um pouco cómico, mas que não é o melhor do género nem sobre o tema. Podia explicar aos espectadores como terminou a relação de Julio e Emilia ou explorar mais o simbolismo dos escritos de Proust inseridos na narrativa fímica.

Pode ver-se no cinema, mas também se vê perfeitamente em casa, no PC ou na televisão.