Salvamento cinematográfico

"Argo" é o mais recente filme realizado por Ben Affleck e está em cartaz em Portugal há cerca de três semanas. O título tem sido apontado para sido muito bem aceite pela crítica, mormente a norte-americana, embora os lucros gerados na bilheteiras não sejam os mais brilhantes.

 

Baseado em factos reais, a acção de "Argo" decorre nos anos de 1979 e 1980. Após ter irrompido no Irão a revolução que estabeleceu um sistema governamental fortemente influenciado por princípios islâmicos, a embaixada dos E.U.A., país considerado traidor e apoiante do xá que fora deposto, foi invadida por rebeldes que tomaram como reféns o pessoal que se encontrava no edifício. Apenas seis norte-americanos conseguiram escapar ao ataque, refugiando-se na casa dos embaixadores do Canadá.
A fim de trazer de volta à pátria no mínimo aqueles seis trabalhadores estado-unidenses, a CIA e o serviços secretos do Canadá tentaram planear uma operação de salvamento. Tony Mendez, agente da CIA conhecido pelas suas funções como extractor de informação, sugeriu um plano. Desenvolveu, com a ajuda de amigos provenientes da indústria de cinema de Hollywood, um falso projecto de cinema de ficção-científica que lhe permitiria entrar no Irão em busca de locais para filmar, aproveitando a visita para entregar aos seis trabalhadores passaportes falsos canadianos que os ajudariam a sair do país. No entanto, qualquer plano poderia ter corrido mal e mesmo o de Mendez sofreu alguns percalços.

"Argo" é o terceiro filme realizado por Ben Affleck, que parece cada vez mais ter um talento maior atrás das câmaras que à frente delas. Contudo, o actor/realizador tem um bom desempenho nesta sua película como Tony Mendez e o restante elenco foi bem escolhido; pareceu-me interessante a opção de escolher actores pouco conhecidos para o papel dos seis diplomatas e trabalhadores que escondidos na casa dos embaixadores canadianos. A caracterização dos actores está muito bem-conseguida. A banda-sonora é apropriada aos cenários e mesmo à situação das personagens.
O filme, como relato de um caso real com análise de certas atitudes dos seus intervenientes e com muita acção, é bom. Mantém o suspense até aos momentos finais. Há certas personagens que poderiam ser melhor exploradas, mas a película é eficaz no seu propósito e recomendável.