quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Cinema teatral

O romance Anna Karenina, da autoria do russo Leo Tolstoi, publicado originalmente em partes entre 1873 e 1877, foi novamente adaptado ao cinema este ano, desta vez pelas mãos de Joe Wright, o realizador, e Tom Stoppard, o argumentista. Uma vez mais, Keira Knightley volta a protagonizar um filme de Wright.
 
"Anna Karenina" é uma narrativa épica sobre o amor, a paixão, o adultério, a imagem social, as relações conjugais e entre mãe e filho, tendo como local da acção a Rússia da século XIX, particularmente os meios aristocráticos. Anna Karenina é a mulher do senhor Karenin, um homem respeitado e elogiado pelos que o rodeiam, com quem tem um filho. Quando Anna é convidada para um baile em que assistirá ao encontro entre a sobrinha Kitty e um jovem conde e militar, Vronsky, que poderá resultar num despertar amoroso, as coisas não ocorrem como devem; Vronsky é capturado pelo olhar de Anna e, após uma dança, algo começa a florescer entre ambos. Contra as ordens estabelecidas pela sociedade e tentando ignorar os rumores que se geram em seu redor, Anna e Vronsky começam uma relação adúltera, apaixonada e fogosa. Paralelamente, Kitty vai tentar perceber o que é realmente o amor e se o sente por Matvey, o filho de um proprietário de terras que já mostrara interesse pela jovem.

O filme é maioritariamente filmado no interior de um teatro, algo pouco habitual que tenta aproximar o público do elenco e dos espaços, como se algo estivesse a ser encenado à sua frente.
A exploração do tema do amor e da paixão é bem-conseguida nos seus vários ramos. O amor que cresce, representado pela relação entre Matvey e Kitty, e a paixão arrebatadora que une Anna a Vronsky são tratados com cuidado, sem serem tomados com leveza. A infidelidade, outro grande tema da narrativa, é abordado de maneiras diversas. No conjunto, os sentimentos e os conceitos emocionais, embora não com a grandeza do romance, tomam até traços filosóficos.
O elenco tem algumas falhas. Aaron Taylor-Johnson, por exemplo, podia ser mais expressivo e emotivo como Vronsky. Keira Kinghtley, por outro, ao contrário de algumas críticas que li, sai-se suficientemente bem como a heroína trágica da narrativa.
Recomendo o filme a quem tenha lido o romance de Tolstoi para poder comprovar se esta versão cinematográfica é a que mais se aproxima do texto original e a quem queira experimentar visionar um drama romântico filmado em estúdios e num teatro.

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